sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Até lá


Já faz um tempo que não leio, já faz um tempo que não ouço e nem vejo nada de novo.Faz tempo feio lá fora, a chuva mata a sede do povo. Aqui dentro, tento colher frutos sem cultura, mas não me inspiro. Meu criar, é o Sertão, plano e com rachaduras.

Amanha vou ver o sol, contar as novas pra Iemanjá. Vou pisar descalço na areia, e pedir aos céus pra não ter que voltar. Cansei da cidade, e dos seus cidadãos. De que vale acender uma vela, se aqueles que a deslumbram, optam pela escuridão?

Mas antes nunca do que hoje, me renderei à estirpe dos sem fosfato. Prefiro brandar a espada, ir de encontro ao moinho, do que me conformar com os fatos. Só digo que ainda acredito, pois se deixasse de acreditar, de nada valeria o que tenho dito.

Repito em alto e bom som, para aqueles que se sentem enganados ou inusitadamente emocionados. As palavras aqui colocadas, não tem intenção qualquer, a não ser a pura e simples reflexão. A batalha sempre foi e será de cada um. Que se busque as conquistas internas, antes de se lutar pelo que é comum.

Lá fora parou de chover. Esta na hora de arrumar a mala, pois partimos ao amanhecer. Espero que hajam boas ondas, que o tempo não dê reviravoltas. Pois domingo, já é amanha, e é também quando estarei de volta. Até lá nós veremos. (não nos-veremos)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Pinus Porrástico


Natal, lá em casa, nunca foi um episódio bíblico. Eu, e suspeito que a minha madre também, víamos a festividade de final de ano como apenas mais uma oportunidade para praticar as incongruências familiares, com uma overdose de trocas materiais e sorrisos forçados dignos de um lifting ala pitanguy. Por assim dizer, não havia um esforço mutuo e planejado, para tornar a nossa caverna, nas ruas onduladas do Ahú, um lugar receptivo para o gordinho senil e polar.Coitado do Noel, se por acaso um dia esse resolvesse adentrar pela chaminé, ia dar de bunda nas ferramentas de jardinagem e cair de boca no saco de titica de galinha, que minha mãe usava pra praticar suas inabilidades no quintal.

Mas houve um dia, que o improvável aconteceu. Nos deram um conjunto, completo, de um presépio, que de tão perfeito parecia a cena real do nascimento do mini Messias. Aquilo, de forma alguma, poderia passar batido. Era a primeira vez que a casa se entusiasmava para o evento natalino, como num prólogo de uma obra épica. Colocamos luzinhas no quintal, toalhas de mesa bordadas e montamos o presépio. Mas ainda faltava um básico, a árvore.

Foi então que se fez a merda. Maldita árvore, a proximidade com o dia 24 e a loucura nas lojas da cidade, forçaram a dona daquela casa, nas ruas curvilíneas do Ahú, a ter uma das ideias mais bizonhas da sua vida. (Mais absurda, talvez, do que a vez que decidiu que sabia fazer pizza quadrada). Ao invés de optar por um pinheiro de petróleo verde, decidiu buscar uma alternativa mais realista e tangível. Pegou um galho de Araucaria, desses de tamanho e formato fiel a árvore original, e colocou em um vaso grande de terra e pedras. Pra quem desconhece, a Araucaria é outro nome dado ao pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), árvore típica da região sul e símbolo do estado do Paraná. O nome ciêntifico da espécie, deve se as folhas duras e pontiagudas. E é bem nesse quesito, que entra o meu drama.

Lá estava o pinheirinho, silencioso e nu, a espera dos seus ornamentos de rei. E cabia a mim, na disponibilidade do ócio juvenil , vestir o maldito para as festividades. No meu dia de decorador, e diga se de passagem, um dia inteiro, cheguei a um diagnóstico de que enfeites de natal, não foram feitos para enfeitar samambaias, bambuzais e muito menos pinheiros-do-paraná. No final, com meus dedos sangrando, o que se empunha na minha frente, faria qualquer Papai Noel correr de medo e ainda pedir um pedaço da pizza quadrada da minha mãe.

Voltando do encontro familiar, já numa manha pós-natalina, percebi que não havia nada em baixo do pinheirinho que me exigira tamanha dedicação. Velhinho mal agradecido, espero que depois de comer titica, tenha espetado a bunda gorda nas folhas pontiagudas.

Pelo menos, não foi mais um natal sem sal.




P.S : Mãe se você ler isso, não desista de cozinhar.


Só arranje outra cobaia. bjos


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Vamos rir mais


Ao postar-me na fila do caixa, deparo com dois elementos igualmente uniformizados, com credenciais penduradas no pescoço. Os cabelos descoloridos e despenteados revelam indiferença para com a aparência. As palavras impressas nas costas das camisetas indicam: VII Romaria de Pontal do Paraná. Está claro que me encontro atrás de duas devotas.
As romeiras, ambas, carregam uma garrafa de Sprite na mão, e olham atentamente para os clientes do restaurante de estrada como quem lança maldições, ou reza pela salvação. Ao menos era isso que eu imaginava das vovós fiéis à crença.
Mas então, uma das senhoras fala, direcionando se a outra:
-Você não ia pegar uma cerveja?
-Não, eu to de ressaca - Responde a amiga de culto
-Ah, eu também - Rebate a colega

Touchê! O relato acima não é solvente para o cérebro, nem xeque-mate de cinema. A simplicidade do dialogo, na casualidade do contexto, carece de espaço para efeitos especiais e orçamentos hollywoodianos. Para se julgar aqui, é preciso resgatar algo do tempo que a pouca noção de espaço atiçava o apego as coisas simples da vida. Do tempo que o leitor era criança.
Não se trata do lúdico, como aparenta, mas algo muito além disso. Mas paremos por ai, e voltemos para o simples. Afinal, porque nós rezamos?
Seria para buscar o melhor para o próximo? Ou para salvar a nossa pele no dia do juízo final, enquanto nos deliciamos com o mel dos pecados universais? Olhando para o ocorrido no restaurante, pode se concluir em uma única exclamação: FODA–SE!

Independente de religião, país, time de futebol, vamos deixar todo o lado chato prestando contas com a consciência. Vamos silenciar a verdadeira burrice, e louvar o burro pelos momentos de alegria. Sejamos os ativistas da ironia. Que comam merda os ofendidos, pois amanha serão eles a gargalhar sobre outros. Da carta de prazeres, pediremos todos, e que se faça fiado com o suposto Deus. Vamos antes de tudo, fazer tudo de novo.
E em cada momento, que nos deixemos levar,
Vamos rir mais.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Blek end Uait


Sempre fui um individuo apaixonado por cores. Nunca sozinhas, sempre mixadas, unidas contra o casual, elas participaram da minha essência. Em dia de aula de artes, sem duvida, não havia aluno que utilizasse mais material do que eu. Mesmo com a professora fazendo cara feia, o ritual se alongava em ritmo alucinante, digno de um Holi Festival. Era bom, talvez não o resultado, mas a sensação de brincar com as cores e bancar uma estilo propaganda do OMO, eram o Éden do meu colegial.

Depois de criar um pouco mais de personalidade, decidi que encontrar com as cores uma vez por semana não era suficiente. Passei a vesti-las, no limite do ridículo, ousando, inventando moda, a minha moda.

Mas então, a TV me falou que moda não se cria sozinha, se copia e se compra. A roupa que cobria meu corpo, não era pra mim, e sim para os olhos alheios. Tentei seguir a regra, só que toda vez que eu comprava algo, esse algo não era o algo que algum fodão usava alguns dias atrás. A moda pregava peças em mim, e no final o culpado era eu.

Não só no modo de se vestir, tudo tem o seu momento de luxo, a sua temporada de caça. Ousar nem mais em dia de Carnaval. As cores que eu tanto amava, agora só se misturam pelo puro interesse.

Tem gente que associa a felicidade a um mundo colorido. E ele é , as cores estão lá, só que agora mudaram de lado.

Ontem, assistindo um clássico dos anos 50, The Star, com a Bette Davis arrasando no papel principal, percebi que no preto e branco tudo parecia tão agradável, tão igual. A pobreza de cores não prejudicava a obra, mas sim reforçava as actuações e o enredo da historia.

O conforto no alvinegro mostra como eu deixei de acreditar nas cores, como o sistema me adoeceu como pessoa. É como se a cada dia, sem perceber, um pouco da minha essência fosse arrancada fora, de forma irrecuperável. A minha história, o meu protesto é um sopro do que me resta dela.
Tem vezes que da vontade de fazer como um monge, e congelar numa meditação eterna, num desapego total aos sentidos. Mas algo me impede, algo me diz que eu preciso alertar, mudar as pessoas de algum modo. Seria egoísta ignorar tudo isso.
Pra melhorar esse filme que é a vida, vou tentar colorir um pouco. Mas não com as velhas cores, e sim com novas idéias.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Silêncio




Sou o silêncio

A discreta presença

Um amanhã certo

Pra que não fala,

e logo pensa


Vivo pleno

Em anexo

E como a pluma mais suave

Num suspiro


Me despeço

domingo, 22 de agosto de 2010

Bota eles lá, que eles botam no teu




Poesia do semestre, na voz da Gangue do Palanque:



Reforma no palácio governamental.Mas não se iludam, não vai ser de pessoal.


Arranca tudo desse monstro, até sobrar carcaça de concreto.Entope de vidro com insufilm, troca o mastro, mas enche a fonte depois de falar com a Sanepar. Pinta de azul e amarelo, que é pro povo associar.Tijolo, concreto,tijolo,concreto, liga pro Oscar e pede a assinatura por fax.Tira zero, bota zero no papel, Outubro a gente conversa.Decora com as bandeirolas, e chama pra dançar.


(Lá em Sampa, se não tem casa vai pra baixo da ponte. Aqui, nesse frio da porra, não tem nem ponte. O Rio de Janeiro continua lindo, e é da nossa cara que eles estão rindo.)


Somos a cidade dos parques e praças, dos imigrantes e dos times de raça. Que se foda a boa administração, la no trono que sente qualquer bundão. Pode ser até cheirador, nem precisa ser da capital, pega logo um playboy do interior.


Mas continua divulgando, quero ver o Brasil todo querendo morar pra cá. Fala da ecologia, da cultura, do per-capita, só não comenta a putaria.

Que venha até a bandidagem, não faz mal, é só mais pra nois botá.

sábado, 14 de agosto de 2010

All in

"Earth follows no religion, but it still needs you to believe"



Na ressurreição de uma ressaca moral, pós sexta feira 13, acordei com um desejo infâme de me confessar.Não seja isso pela supersticiosidade do dia anterior, dos quais os eventos me lembro pouco e não quero relembrar. A nebulosidade da cana abriu a mente para um aspecto que nunca havia reparado no meu eu.E talvez ,como dizia o Vinicius de Moraes, poeta e bom farreante, "porque hoje é Sábado" aqui vai.
Eu acredito em tudo que me falam. Para aqueles que esperavam uma confissão suicida, de um protótipo de poeta, já me desculpo de início pois não há nada que no momento torne minha vida uma novela mexicana. Voltando ao ápice da minha inocência, as palavras em negrito acima dizem tudo. Sou aquilo que no dito popular se adequaria ao verbete "trouxa". Acredito em todas as religiões, afirmações, negações, promessas (políticas ou não), acredito até em sexta feira 13.
Que não se iludam aqueles que questionarem, "mas o cara não é budista?" "ele não torce pro Coxa?".Não estou falando de preferências (algumas óbvias), mas sim das coisas que não ignoro, não bato o pé. Adorar e acreditar, são para mim como amor e paixão num samba do Cartola.
Quem nunca teve um avô ou avó, que lhe disse para nunca acreditar em tudo que dizem porai? A vida ensina, afirmam os "antigos", apelido carinhosamente dado pela amiga Rosane aos nossos antepassados vivos. E eu creio que isso seja verdade.
O que tento expressar, é que nem tudo na vida merece o nosso amor, ou o nosso ódio. As minhas escolhas, a princípio, dizem a respeito de mim. Mas o que dirão os outros a respeito delas? A vantagem de ser um bom ouvinte, e abrir se de coração para tudo a sua volta, é que antes de optar por um caminho você já trilhou todos, não há como errar. Crer é pensar em conjunto, sempre foi. Nós antes de únicos, somos uma unidade. Eu acredito em você.
Você acredita em mim?

sábado, 10 de julho de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Não quero

Não quero chorar, quero rir até não poder evitar. Não quero um na mão, quero vários voando. Não quero guardar segredos, quero contar histórias. Não quero vitórias, quero aprender com as derrotas. Não quero acreditar, quero viver. Não quero boa memória, quero escolher.
Não quero querer nada, que não me queira com você

terça-feira, 18 de maio de 2010

O que me veste


Um mês de de adornos. Perto do fim, já sinto o bafo do desespero. Eu chutaria o balde , mas me falta força. A água de encontro ao pescoço reflecte a face da descrença. Já conheço, já vivi, mas me falta muito o que aprender. Sem exemplos, me agarro ao destino. Sem motivos, ainda sou menino.
Cansei de viver de momentos. Não quero ter mais, mas sim precisar de menos. Alma sem limites, corpo cansado. Se faço parte de tudo isso, que me dêem uma luz. Minha vida virou apagão,o sono minha paixão. Fugir pra onde? Se as lembranças me trazem de volta.
Sou um cavaleiro errante, um Quixote sem livro. Se algo me reserva o destino, peço que me traga um Cervantes. Eu me rendo ao castigo da vida, só vou ser for em paz. Vou viver o agora. O amanha, sinceramente, tanto faz.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Filosofia de fim de balada


Solitários idealistas. Os poucos que ainda se guiam por uma causa maior são obrigados a esperar na fila burocrática do conformismo hipócrita. O ser humano vive e convive em um ciclo egoísta de consumo, onde a palavra “suficiente” virou personagem de algumas bulas de remédio. Explorar e não instruir, esse é o novo lema. Triste, mas vamos ao dilema.
Filosofia da vida, há aqueles que digam que é tudo uma “viagem”. A palavra remete a um sentido pejorativo de consciência comum, mas quem nas horas vagas não gosta de viajar? Pra longe de tudo e pra perto dos pequenos prazeres que fazem a nossa existência valer a pena. Justiça seja feita as coisas simples, não vamos gozar do que enche nossos bolsos, mas da felicidade que enche nossos corações.
Cabe agora fazer com que os nossos sonhos e ideais mais impossíveis prevaleçam diante desse mundo que segue o rumo da inexistência. O segredo já não esta mais em desvendar todos os segredos, mas sim em dividir o seu mais precioso segredo com todos os outros. Fazer a diferença sem se destacar, fazendo com que o resto do grupo se destaque por causa do que você acredita.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Crer pra ver




"O destino é a metamorfose dos sonhos"



Num mundo modelado, destino virou história pra boi dormir.


(Sem pé nem cabeça não da pra plantar bananeira, e dai? O que vai ser da mega sena já é papo de biscoito chinês)


Mal se sabe que no sono da boiada, acontece o sonhar. De campos verdes sem fim a vacas fortes provedoras de família. Família? É cara, calor humano, ou melhor, bovino.


E o penúltimo dos moicanos? Alguém soube dos seus pecados.. sonhos? Todo mundo sabe quem ele não foi. O último


Pois é, parece que quem sonha alto e voa baixo não tem entrada VIP no paraíso. O negócio é encontrar um lugar quentinho e receptivo no coração daqueles que se lembram. Lembram dos sonhos que você realizou. ..então cara


Continue Sonhando

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Mania Plural








Anarquia


Apologia à liberdade


Mamãe de todo dia


Pra onde foi a saudade?



Anarquia


Apologia à liberdade


O ombro que guia


Quem quer minha amizade?



Anarquia


Apologia à liberdade


Dançante melodia


Qual a sensação que te invade?



Anarquia


Apologia à liberdade


Desejo de utopia


Vale um pouco de maldade?


quinta-feira, 8 de abril de 2010

Psicodelícia do dia



"Life's a leap, so dont fall"



Seria um pulo, um salto? Enfim aquilo que o grilo faz, e muito alto.


O negócio, como quem diz, é meter lhe um duplo carpado e sair feliz.


Depois do abraço, o sossego há de vir. Mas cuidado


Pois na vida, é em todo passo que a gente pode cair.




quarta-feira, 7 de abril de 2010

Apnéia Verbal


Amargo é o gosto da desgraça
Pra quem no sono da vitória
Ve-se deitado num banco de praça

Quem nada tem, nada teme
Disse o sábio que queria saber
Porque o que é pleno
nao pode se espairecer

Se tu comprendes o real
Vá limpar a bunda do rei
Mas antes que o faça, eu lhe direi
Se tudo fizesse sentido
onde estaria a graça?

Contra o centrão vote periferia

Patrícios e plebeus Centro e periferia Castelo e feudo Cobertura e laje Condomínio e comunidade Derrubar os muros Apagar as luzes Limpar o r...