quinta-feira, 10 de maio de 2012

Natural colateral


Em uma leitura inicial, a imagem mostra um recipiente de palha com uma seleção de frutas dispostas arbitrariamente. Contudo, a  natureza aqui, é uma mera ilusão da nostalgia ao qual representa. Estes frutos da terra são plastificações fiéis as suas formas e cores. A perfeição quase que transmite por imagem, os sabores e aromas que não os contemplam. São, desmascarados de sua irreal representatividade, de seu falso destino nutricional, um simples enfeite. Carecem da perecividade dos derivados de coisas vivas, e são portanto, tão duráveis, tão eternos quanto a própria imagem. 
Com essa ilustração mentirosa, questionamos o homem da atualidade sobre os seus reais valores. Diante da própria mortalidade, como um elemento vivo, uma fruta de Deus disposta sobre um recipiente universal, o ser humano supre seu desejo de imortalidade recriando falsos suspiros do eterno. Os produtos industrializados, mesmo insulsos, sem traços de vida, criam a sensação de saciedade. Como um narcótico, é momentâneo e vicioso, com efeitos colaterais depressivos e destrutivos tanto introspectivamente como para o ambiente vivo que o circunda. Seria o destino da raça humana também se tornar um enfeite para os olhos do nada? Com certeza, inertes como objetos de contemplação somos muito mais inofensivos.

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